domingo, 18 de outubro de 2009

GP do Brasil: Jenson Button campeão


Mais uma vez o autódromo de Interlagos recebe a decisão do título do Mundial de Fórmula 1. Desde 2005, os fãs brasileiros têm o privilégio de ver um campeão mundial novinho em folha. Neste domingo, não foi diferente. Para a decepção do público, que vibrou com a pole position heróica conquistada por Rubens Barrichello após quase 3 horas de classificação, muitos esperavam que o brasileiro conseguisse cumpir com uma missão muito difícil: empurrar a decisão do campeonato para o GP dos Emirados Árabes, daqui a 15 dias.

Com um domingo de sol, com tempo firme, nada comparado ao dilúvio que atingiu o autódromo ontem, a promessa era de uma corrida emocionante, porém tranquila. Mas não foi bem isso o que aconteceu. Logo na largada muita gente se estranhou. Na freada do S do Senna, Webber e Raikkonen se encontraram. O finlandês, que conseguiu pular de 5º para 3º logo nos primeiros metros recebeu um chega pra lá do australiano que acabou danificando sua asa dianteira. Logo em seguida, Trulli e Sutil, que largou mal, também se desentederam e acabaram se chocando na altura da curva do Lago. Na volta, atingiram o carro de Fernando Alonso. Mais atrás no grid, Kovalainen recebeu uma pancada e teve que ir aos boxes. Com tantas confusões, o Safety Car foi à pista. Porém, isto não significou o fim das confusões. Heikki Kovalainen, após troca de pneus, arrancou de forma precipitada, arrancou a mangueira de reabastecimento e jogou litros de combustível em Raikkonen, que vinha logo atrás nos pits. Quando a gasolina atingiu as partes quentes da Ferrari de Raikkonen, o finlandês ficou envolvido em uma bola de fogo. O susto foi grande, mas ambos voltaram à pista normalmente.

Todas estas trapalhadas acabaram favorecendo Jenson Button, que largara em 14º e já havia ganho 5 posições na 2ª volta. Com isso, a missão de Barrichello tornava-se cada vez mais difícil. Ele manteve a liderança até o primeiro pit stop, quando sua Brawn começou a apresentar problemas de rendimento com os novos pneus. para piorar a situação do brasileiro, Kubica surgiu praticamente do nada e com uma excelente estratégia, conseguiu conquistar a posição do brasileiro, que também foi superado por Webber, agora o líder da corrida.
Enquanto isso, Jenson Button mantinha o bom desempenho e conquistava as posições necessárias para garantir seu primeiro título. Hamilton, surpreendeu com um excelente desempenho de sua McLaren que permitiu que o inlgês lutasse de igual para igual com Barrichello. As chances do brasileiro de adiar a luta pelo título para a última etapa em Abu Dabi foram por água abaixo quando um pneu furado nas últimas voltas o obrigaram a parar nos boxes pela terceira vez. Barrichello voltou em 8º, enquanto Button assumia a 5ª posição, que lhe dava pontos suficientes para o campeonato.

Webber venceu tranquilamente a corrida. Kubica conseguiu levar adiante a estratégia surpreendente e chegou em segundo. Hamilton completou o pódio. E a temporada 2009 ganhou seu campeão!

Pontos positivos

  • Kobayashi: depois de estréias enfadonhas como a de Romain Grosjean, o japonês da Toyota que substitui Timo Glock foi uma boa surpresa. Mostrou personalidade ao manter-se bem durante todo o treino classificatório e principalmente quando foi pressionado por Jenson Button surante muitas voltas na corrida. Pelo GP de estréia, merece um cockpit.
  • Vettel: Depois de ser prejudicado no treino de sábado e praticamente ter dado adeus às suas chances no campeonato, o alemão deu a volta por cima hoje. Largando do fundo do grid, fez diversas ultrapassagens, manteve-se fora das confusões e ainda conseguiu descolar um 4º lugar.
  • Hamilton: pilotou de forma consistente e forte, como há muito não se via. Pressionou Barrichello e não cometeu erros por afobações, que eram tão frequentes.

Marretadas

  • Sutil: conseguiu um terceiro lugar na classificação, mas evidentemente teve "medinho" no S do Senna. Tirou o pé enquanto todo mundo acelerava atrás dele. Atitude de quem não deve andar na frente.
  • Desempenho irregular da Brawn: a equipe hoje comemora seu título porque soube como ninguém interpretar o regulamento e fez um carro superiror do ponto de vista aerodinâmico em relação às suas concorrentes no início da temporada. Entretanto, em diversas corridas, incluindo a de hoje, a Brawn apresentou degsempenho irregular com certo tipo de pneus e com tanque cheio. O carro de Barrichello na seunda perna de corrida estava irreconhecível.
  • Trulli e Sutil: literalmente deram mole.

Troféu cata-tatu: Grosjean e Nakajima

Fim de semana de chuva é prato cheio para este troféu. Somando os treinos livres, classificatório e corrida, todo mundo deu uma catada de tatu em alguma hora. Fiquei surpresa, porque até conheci áreas de escape que para mim eram inéditas em Interlagos! Os dois moçoilos indicados aprontaram pra valer e protagonizaram as piores "pancas" do fim de semana. Grosjean apanhou na sexta e Nka, o grande fator aleatório da F1, hoje. Mereceram dividir o grande prêmio!

Prêmio F1-V8: Jenson Button

Enfim, campeão. Para quem chegou com a grande promessa de ser o novo grande inglês a vencer um capeonato na Fórmula 1 após Damon Hill, pode-se dizer que Button comeu o pão que o diabo amassou. Depois de quase 10 temporadas, foi superado por outras estrelas que estrearam no circo depois dele, como Alonso e Raikkonen. Em 2008, teve que engolir o título do coterrâneo Lewis Hamilton e a falencia de sua equipe. Mas 2009 começou para Button como a história da Cinderela. De repente apareceu uma fada madrinha chamada Ross Brawn e o transformou em campeão do mundo. Simples assim. Com um carro totalmente superior, Button faturou nada menos que as 6 primeiras corridas da temporada. Quando o título parecia garantido, eis que surgem outros nomes para atrapalhar a história: Vettel, Webber, Barrichello. Mas a vantagem, garantida ainda no início da temporada fez de Button o campeão da F1 2009 hoje. E por algumas voltas, demponstrou que mereceu o título. partiu para cima, fez ultrapassagens destemidas e teve sorte, característica fundamental em um campeão. Não foi o título mais incrível do mundo, mas na nossa opinião foi merecido. Button jogou limpo e soube usar melhor o que o melhor carro de 2009 poderia lhe dar. Parabéns para ele!


Pergunta instigante: os candidatos não estão nem aí, mas quem será o vice??

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

GP Brasil ainda tem ingressos à venda

Quem estiver por São Paulo e ainda queiser assistir ao GP Brasil in loco no domingo ainda tem uma chance. Ainda existem ingressos à venda na bilheteria do autódromo. Estão disponíveis entradas para o sábado e domingo no setor G (R$360,00), B (R$1368,00) e D (R$1790,00).

Nos anos anteriores era impossível encontrar ingresso para a corrida na sexta feira. Mas como este ano sobrou, nós, que conhecemos os 3 setores à disposição temos as seguintes dicas:

Setor G: o mais barato, entretanto, o que tem melhor visão geral da pista. Tirando a reta e S do Senna, todo o resto do circuito é visualizado. Além disso é o que tem a torcida mais animada. Chegue cedo e tente pegar um lugar mais alto. Leve boné e filtro solar.

Setor B: nós ainda não estamos acreditando que existam ingressos disponíveis para este setor. Dos setores de arquibancada, é o melhor. De lá pode-se ver a largada e a cerimônia do pódio. Antes dos procedimentos de largada, dá pra ver os pilotos de pertinho e os mecânicos preparando as máquinas. O setor também disponibiliza televisores de onde pode-se acompanhar a cronometragem tanto da corrida quanto dos treinos.

Setor D: uma das maiores arquibancadas de Interlagos. Fica bem na frente do S do Senna e proporciona uma visão privilegiada do ponto de ultrapassagem mais emocionante da pista.

Portanto, se você estiver perto de Interlagos, corra à bilheteria do autódromo na Avenida Senador Teotônio Vilella e garanta já a sua entrada! Você não vai se arrepender!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Nossos GPs Brasil - parte II 2004


No início de 2004 descolei meu primeiro estágio!! E advinha para onde iria TODO o dinheiro conseguido trabalhando??? Claro, para o porquinho do GP Brasil de Fórmula 1!! Neste ano já estava mais calma. Sem a mínima necessidade de viajar dopada pra corrida (claro que depois do ocorrido no ano anterior, minha mãe me obrigou a iniciar a psicoterapia). Transtornos comportamentais-cognitivo-neuróticos de lado, como não era mais invicta de GP Brasil, fiquei muito mais esperta!

Desta vez, compramos os ingressos para estudante com retirada na véspera da corrida. Além disso, o serviço de informações para torcedores via internet melhorou muito. Transporte, alimentação, acessos tudo estava bem mais claro e devidamente divulgado pela internet. Além do mais, na minha opinião, GP Brasil no final do ano (essa foi a primeira vez que a corrida foi realizada no mês de outubro) facilita muita coisa. Não confunde com a Páscoa, não estamos tão quebrados das férias de verão e na opinião da FIA, as águas de março que arrasaram a corrida de 2003 não são tão comuns na primavera. Passagem comprada, ingresso reservado, nos mandamos pra Sampa! Sem tremeliques e ataques histéricos de 2003 (até hoje pegam no meu pé por isso)...

A delegação desta vez estava desfalcada. Apenas eu, Gi e a Mamãe topamos o desafio de 2004. E não nos arrependemos. Na sexta chegamos em São Paulo e fomos direto pegar nossos ingressos. De olho na galera mão leve que dá plantão na porta do autódromo. Aquela foi a hora mais tensa. Fica uma galera realmente bizarra na Teotônio Villela, fazendo upgrade de entrada. Trocam ingresso de setor A por sertor B, vendem pit pass, até credencial de piloto estavam oferecendo por lá. Lá fomos nós, pegamos nossa entrada no setor M, coberto, para evitar o vexame de assistir à corrida de dentro do banheiro químico se chovesse como no ano anterior. Ingresso na mão, e o que fariam três mulheres com uma sexta feira inteira em Sampa pra aproveitar?????? COMPRAS!!!!!!! Muitas compras!

No sábado o dia ficou reservado para algumas últimas comprinhas e para o Salão do automóvel! Nossa, F1 + Salão do automóvel, merecia um xilique daqueles que só eu sei dar! Mas me controlei, obviamente, afinal, se eu tremelicasse lá novamente, minha mãe mandaria aplicar algum sossega leão em mim rapidinho! Quando eu entrei no Parque de Exposições mal pude acreditar! Todas aquelas marcas, carros históricos expostos, carros híbridos, movidos a energia elétrica. Imaginem a felicidade de uma estudante de Engenharia Mecânica num lugar daqueles? Para ser o céu, só faltava Deus lá dentro!! Nunca caminhei tanto na minha vida! O Salão estava muito bom, muitas novidades das marcas, a Mercedes até trouxe sua SLR, lançamento na época, para que nós pudessemos tirar uma casquinha... Incrível. para mim, até hoje o Salão do Automóvel de 2004 foi o mais bem organizado, sem dúvidas!


Depois de conferir todas as novidades, resolvemos voltar para o hotel e começar os preparativos para a corrida. Afinal, teríamos que acordar muito cedo. Nisso, já pronta para dormir, eis que Giselle surge, de pijama e despenteada com a seguinte idéia mirabolante: "Tenho que fazer uma faixa pro Kimi". O quê??? Pra mim aquela garota estava delirando! Minha mãe brigou com ela. "Vá dormir! Que p*rra de kimi o que?? Duvido que ele saiba ler!" ehuaehuaheuahe Mas ela não sossegou! Catou um esparadrapo e desceu para o saguão do hotel. Claro, designer nata que é, certamente ela encontraria meios para fazer algo pro seu amado finlandês. Meia hora depois, eis que ela me aparece com um cartaz azul escrito Kimi em branco. Minha mãe já decretou que ela não pagaria esse mico lá na arquibancada! Dormimos e às 05 da manhã estávamos todas de pé: nós e a bendita faixa pro Kimi.


A chegada e Interlagos desta vez foi muito mais tranquila. Sem greve e com um sistema de transporte totalmente eficiente que nos deixou no nosso portão! Como é bom ver aquelas bizarrices do lado de fora de Interlagos. É sósia de piloto, bicicleta com barulho de F1, cachorro com capacete de Ayrton Senna, Imitações bizarras de Schumacher e Montoya. Entramos e encontramos nossos lugares no setor M, ao lado de uma familia gigantesca de finlandeses e uma excursão de Venezuelanos torcedores de Montoya. Ficamos em um ponto bom pra ficar com um olho no telão e o outro no S do Senna. Com campeonato decidido pra Schumacher, aquela última corrida seria apenas para cumprir tabela. Mas mesmo assim a ansiedade era grande. As horas passaram voando, nada de chuva. Desfile dos pilotos e a Gi com sua fixinha pro Raikkonen. Ela jura que ele viu, mas não sei não. Depois, perto da hora da largada o tempo virou. Céu escuro, um monte de nuvens... começou uma chuvinha leve, típica garoa paulistana, bem na hora do alinhamento pro grid de largada. Foi um chove não molha suficiente pra queimar os miolos dos engenheiros e pilotos.


E na hora da largada, um leve surto de tremelicagem, afinal, eu nunca tinha visto uma largada de F1 de perto, pois em 2003 foi largada com SC. E não me arrependi pela espera. Quando as luzes vermelhas se acendem e o giro dos motores sobe, parece que o mundo vai desabar!! Muito bom! A corrida transcorreu sem grandes incidentes ou novidades (assim como fora toda aquela temporada). Mas estava muito bom! A decepção dos brasileiros ficou por conta de Barrichello, que não se adptou bem aos pneus na condição de pista chove não molha. Mas mesmo assim ele chegou ao pódio. Montoya venceu (nesse a Jana tinha que ter ido) e o amado Kimi de Gi chegou em segundo. Na hora da chegada, o finlandês deu uma puxada e levou a bandeirada pertinho da nossa arquibancada. Segundo a Gi, foi por causa de sua singela faixinha azul... deixa ela pensando assim, não é gente?


SetorM aprovadíssimo, corrida morna, mas a emoção de ver o GP Brasil de perto é sempre incrível!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Nossos GP Brasil de F1 - Parte I


Desde muito pequena acompanho a Fórmula 1. E certamente, sempre quis fazer parte daquela festa toda, ver a corrida bem de pertinho. Quando tinha 10 anos, via aquela vitória incrível de Ayrton Senna no GP Brasil de 1993. Era inacreditável aquela festa toda na arquibancada, o povo invadindo a pista, os carros passando ali pertinho... Neste dia decidi, no ano seguinte estaria lá. Juntaria cada centavo de troco da padaria e o dinheiro do lanche na escola e compraria minha entrada! Mas não era tão fácil assim... Chegou 1994 e eu não tinha nem 10% suficientes para bancar o ingresso. Essa temporada passou, Senna, meu grande ídolo se foi, chegou a era Schumcher... O tempo foi passando, o preço do ingresso aumentando e eu vendo o GP Brasil da TV, ano após ano.

O mais engraçado era que nós (Giselle e eu) fazíamos a "Poupança Interlagos" todos os anos. Mudávamos apenas o ano no cabeçalho do papel usado como controle. De 1998 passou para 1999, depois 2000, 2001. Entrei na faculdade. E a economia continuava... Até que em 2002, o montante já era de respeito!!! Daria para comprar as entradas! Nessa hora o PAItrocínio entrou em ação para viabilizar o restante da viagem. Nem acreditei quando liguei no telemarketing do banco real e pedi nossos ingressos (neste tempo a venda era somente por telefone). Setor A, domingo. Dez anos de espera (e economias) e eu finalmente veria a F1 de pertinho! A partir daí foi só sonhar com o glorioso dia, imaginar a sensação de ouvir aquele estrondo de motor pertinho de mim, ver os carros passarem como uma bala!

Foi tanta ansiedade que no dia da viagem, dei DEFEITO! É, surtei mesmo! Acordei de madrugada suando frio e tremelicando dizendo que não iria mais! Que ficaria em casa mesmo. Que tava com dor de barriga. Nisso, todas prontas, minha mãe, minhas irmãs e uma amiga que também iriam estavam prontas. E eu surtada! Minha irmã mais velha, que é médica, não pensou duas vezes. Me sedou e assim fui, quase inconsciente para o avião... Que papelão...



A agitação que São Paulo fica no GP Brasil é totalmente contagiante! Acho que isso não ocorre em nenhuma outra parte do mundo... Só se fala em F1... Mesmo no início do campeonato, como foi em 2003, todos falavam em Schumacher, Montoya, Barrichello, Raikkonen. Achei aquilo tudo INCRÍVEL! O sábado passou rápido (acho que por causa do pileque de sossega-leão que tomei). Quando vi, já estava acordando no domingo, às 4 da manhã, pronta para ir para Interlagos. A ansiedade era tanta que eu não consegui comer nem nada. Se pudesse, voaria para lá e pousaria dentro dos pits de alguma equipe.

Mas ao chegar ao aeroporto de Congonhas, onde pegaríamos os ônibus/vans para irmos ao autódromo, surpresa!! Os trabalhadores dos trasportes resolveram entrar em greve, justo no dia da corrida de Fórmula 1! Juro que mato o sindicalista que inventou essa greve absurda!! E agora?? Nessa hora a minha crise de tremelique voltou! Os taxistas estavam cobrando até 120 reais por pessoa para transportar até o autódromo. E nós lá, 5 mulheres com cara de tacho. Até que minha amiga Jana encontrou um taxista que ficou com pena de nós (na verdade, pena de mim) e topou levar as 5 pelos mesmos R$120,00 que os outros cobravam por cabeça. Como a avenida Interlagos estava cheia de fiscais da CET que proibem 4 passageiros no banco de trás, nós revesávamos quem iria abaixada nos pés ou dentro do porta malas. Chegamos lá ainda antes das 8 da manhã e já estava tudo lotado, ainda na avenida. Quanto mais me aproximava do autódromo, mais forte o coração batia! Logo reconheci os predinhos do conjunto habitacional Cingapura, que vemos nas transmissões da corrida. E lá estava a pista que eu sempre sonhei. Linda, cheia, as zebras pintadinhas. Era verdade, eu estava lá!
A entrada nem teve muita confusão... Minha memória é meio falha em relação aos momentos anteriores à corrida (deve ser reação normal ao dopamento sofrido no dia anterior). Entramos e lá estava eu, no setor A de Interlagos. Logo identifiquei alguns pontos importantes da pista. A Reta Oposta e o setor G, já lotado às 08 da manhã. O miolo do laranjinha, uma descida, a suida da Junção, a curva do Café. A reta. Pena que de onde eu estava não dava pra ver o S do Senna. Tudo lindo, tudo maravilhoso! Vontade de morar lá pra sempre! Abracei a minha mãe, liguei para o meu pai, que ficara em Brasília. Sonho realizado!

Mas como essa história tem salpiques de tragédia e comédia, o tempo, começou a preocupar. Já eram 10 da manhã e o sol ainda não havia dado as caras. As nuvens, carregadas. Comecei a ficar cabreira. Mas por enquanto estava tudo bem, matei o tempo comprando souvenirs nos quiosques das equipes. Até que lá pelo meio dia, perto da hora do desfile dos pilotos começou um pinga-pinga. E os pingos cada vez mais grossos, doendo quando atingiam nossas costas. Capas de chuva pra que te quero! Vestimos as capas, mas o céu desabou em cima da gente! Chovia tanto que o pessoal do Setor A já não conseguia enxergar o povo que estava no G. Um verdadeiro dilúvio, só que sem direito à Arca de Noé! E eu chorando desesperadamente (claro, com tanta chuva, eu estava surtada!!). Logo as capas de chuva se tornaram inúteis perto de tanta água. Havia uma cachoeira nas arquibancadas e estavam todos de pé nessa hora, com chuva batendo bem no meio das fuças. Até respirar tava difícil! Agora o que estava em risco era a largada. Nenhum carro ainda havia deixado os boxes. O Safety Car dava voltas e voltas na pista e todos olhavam aterrorizados, com medo da corrida ser cancelada! Até que o Safety Car passou, autorizando a saída dos carros para o grid de largada.

Até hoje lembro do primeiro carro que vi passar. Foi uma Williams de Ralf Schumacher, o primeiro que saiu dos pits para alinhar no grid de largada. Aquele barulho alto, forte. O carro estava na reta oposta e parecia que estava no seu cangote. Nunca tinha visto nada igual. Incrível! Com os carros alinhados, mais um pé d'água caiu. Esse mais forte que o primeiro. A largada foi adiada em 15 minutos e depois desse período, a direção de prova decidiu que os carros largariam com o SC. Ai meu Deus, logo na minha primeira corrida, não haveira largada. Comecei a tremelicar de novo! Mas mesmo com velocidade reduzida, atrás do Safety Car, com pista molhada a F1 é impressionante. Mesmo assim eles estavam estupidamente rápidos!


Nisso o povo fazia o que podia para se proteger da chuva. Alguns (como a Jana e a Soraia, minha irmã mais velha) assistiram boa parte da corrida dentro do banheiro químico, furando buraquinhos na parede (elas estavam com mais umas 20 pessoas lá dentro, pense num aperto). A corrida ia seguindo, com muitas rodadas e acidentes, inclusive a saída de Schumacher na Curva do Sol, comemorada por boa parte da torcida. Tudo ia bem (tirando a chuva torrencial) até que escutei do nada um estrondo, parecendo que o mundo iria cair. Quando dei por mim, vi a Jaguar de Mark Webber rodando após bater na curva do Café, pertinho de onde eu estava. A nossa preocupação era contar quantas rodas estavam no chão ou voando, e ficamos preocupadas quando demos conta de que haviam apenas 3. Onde estaria a quarta? Caindo na nossa cabeça (claro, com a F1, aprendemos a raciocinar em milésimos de segundo)? Até que ouvimos outro estrondo, era Alonso encontrando a 4ª roda perdida de Webber. Esse acidente fou horrorozo, o carro dele saiu girando, desgovernado, bateu na proteção de pneu no lado oposto da pista e voltou! Nós estávamos estarrecidos e aterrorizados. A cride de tremelique voltou e não era só em mim, todo mundo à minha volta também estava horrorizado. A gi virou e perguntou: Ele morreu? Nós morremos também? Na arquibancada todos tentavam sinalizar para os carros que passavam para irem com calma. Nisso, a Soraia, minha irmã médica, já estava lá embaixo, tentando escalar a grade (ai que vergonha) para atender o Fernando Alonso que saiu do carro sozinho, mas caiu logo em seguida. O momento médico sem fronteiras da minha irmã passou assim que o carro médico chegou para atender o espanhol.

Lição nº1: Fotos em corrida saem sempre ruins!
Quando dei por mim, a bandeira vermelha estava sendo agitada, ou seja, fim de corrida! Mas peraí, quem ganhou? Na hora divulgaram que o vencedor havia sido Kimi Raikkonen (para alegria da Gi, que gritava o nome dele frenéticamente). Na confusão todos saímos do autódromo após o anuncio do vencedor. Meio dopada fui para o aeroporto de Congonhas (lotado e sem comida) para pegar o voo de volta pra Brasília. Eu ainda baqueada por tanta emoção estava estática, sem reação. Não tinha fome nem sede nem cansaço. Mas estava muito feliz! Sonho realizado.

Em 6 de abril de 2003, me encontrei pessoalmente com a F1 pela primeira vez. Numa corrida maluca, com dilúvio, sem largada, sem chegada, com apenas metade dos carros chegando ao final e com vencedor errado fiz a minha estreia na Fórmula 1. Mesmo sendo a corrida mais maluca de todos os tempos, valeu a pena e nunca esquecerei desse dia tão especial.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

F1-V8 no Rally Universitário FIAT


Makinen, Sainz, Loeb digam adeus ao domínio absoluto do off road. Raikkonen, procure outra equipe e nem pense em trocar a Fórmula 1 pelo Rally. As meninas do F1-V8 estão na estrada e ninguém segura!!

Foi com este espírito de confiança que eu e Giselle encaramos a etapa brasiliense do Rally Universitário FIAT realizada em 04/10. Juntamente com outras amigas da Universidade de Brasília, formamos duas equipes completas (piloto, navegadora e zequinha) o AMEM Rally Team.
Algumas só haviam navegado, outras já pilotaram mas todas ainda precisavam aumetar a quilometragem para entrar de vez no circuito do Rally na próxima temporada. Inscições feitas, partimos para a trilha, com um Corsinha Wind 1995 e um Celta 2004, os dois respeitavelmente 1.0!

A prova foi um tanto quanto tranquila para o navegador, mas os pilotos sofreram com a pista, hora em cascalho, hora em talco e com muitas pedras no caminho. A organização do evento foi impecável. Nosso carro tinha eu, Fernanda, como pilota, Cristina como navegadora e Giselle de Zequinha, nossa auxiliar de navegação!

Fiquei feliz pois andamos dentro do tempo (o que é essencial em um rally de regularidade) e não nos perdemos nenhuma vez! A prova teve um total de 140km nos arredores de Brasília e foi composta por dois estágios de aproximadamente 1 hora e meia cada.

Na chegada, todas estavam felizes e contentes, pois apesar de termos enfrentado condições de pista bem severas, chegamos com carros inteiros, não nos perdemos nenhuma vez e já estávamos animadas para próximo desafio!

Ao final da premiação, uma surpresa!! Nossa equipe ganhou o destaque feminino, ou seja, equipe totalmente composta por mulheres mais bem colocada no rally! Fizemos 141 pontos e quase zeramos alguns PC's!



Para quem quiser dar uma olhada no press release da FIAT é só entrar aqui!