quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Yksi Koskenvorva, haluta!


Depois de uma temporada disputadíssima, temos um novo campeão: Kimi Raikkonen.
O moço finlandês econômico nas palavras contrariou todas as previsões e faturou o título. Não fez corridas surpreendentes como Lewis Hamilton, não posou de campeão como Fernando Alonso. Muito pelo contrário. Andou atrás dos outros três candidatos ao campeonato durante boa parte da temporada. Muitos o taxaram de preguiçoso e chegou-se a cogitar a possibilidade de que Raikkonen passasse a trabalhar para que Felipe Massa, seu companheiro de equipe, lutasse pelo título. Na última corrida, chegou como azarão e suas possibilidades de sagrar-se campeão em 2007 eram desacreditadas até pela Ferrari.

Mas Raikkonen tinha muito a seu favor. Esta foi uma das temporadas mais tensas dos últimos tempos, cheia de escândalos e desavenças. Alonso e Hamilton, acreditando que a luta pelo título limitava-se apenas a eles dois disputaram uma guerra verbal que envolveu toda a equipe. Esse cenário, aliado à condenação da McLaren por espionagem, esquentou o clima das últimas corridas, transformando o circo da Fórmula-1 em uma verdadeira panela de pressão. Mas, nos momentos decisivos, Alonso e Hamilton não suportaram a pressão e cometeram erros que os levaram a perder pontos preciosos.

Em compensação, o outrora desacreditado Raikkonen foi acumulando pontos aqui e ali, vencendo corridas decisivas (como Bélgica e China). Quando não vencia, marcava pontos importantes, que serviram não só para corrigir os abandonos e a suposta falta de sorte do início da temporada, mas também foram fundamentais para que o piloto da Finlândia entrasse de vez na briga pelo título.

O lema do homem de gelo era “acreditar sempre” e Kimi o fez. Chegou à corrida decisiva calado, como se não ligasse para o que estava para acontecer. Mostrou uma expressão fechada e respondia aos questionamentos com monossílabos. O que para muitos poderia parecer antipatia, na verdade era Raikkonen exibindo o máximo de concentração para a luta final. O finlandês adotou o estilo “low profile”, diferentemente de seus oponentes diretos, que se expuseram em sua guerra verbal na imprensa. Durante todo o fim de semana, o homem de gelo só deu seu primeiro sorriso minutos antes da largada do GP Brasil. E era um sorriso de confiança, de quem tinha a certeza da vitória.

E assim aconteceu. Raikkonen venceu a prova decisiva e ainda contou com a sorte (logo ela que o havia deixado na mão tantas vezes) de ver Alonso e Hamilton ocupando as posições necessárias para que ganhasse o título.

Finalmente, o sonho do garoto que cresceu numa casinha sem banheiro e que deu suas primeiras aceleradas numa pequena pista próxima à sua casa virava realidade. Além disso, Kimi vingou a Ferrari, que se sentiu prejudicada no complicado caso de espionagem do qual foi vítima.

É bom ver um novo campeão na F-1. Alguém que vem para mostrar um novo estilo. Raikkonen é autêntico. Não se preocupa em passar a imagem de bom moço ou de herói internacional. Não é um grande garoto propaganda e suas declarações são sempre curtas. Quando vence, não se intimida em comemorar tomando umas e outras. Como eu ou você faríamos. O título está em boas mãos.
Agora, para brindar no estilo dos conterrâneos de Kimi Raikkonen, yksi Koskenvorva, haluta!

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