domingo, 7 de março de 2010

Adeus 2009, alô 2010 - nada será como antes...

Estamos a uma semana do início da temporada 2010 da Fórmula 1, a 60ª de sua história. Domingo que vem a esta hora já saberemos quem foi o vencedor do GP do Bahrein e teremos uma leve noção de como os carros se comportarão para este ano. Quem blefou nos testes, favoritos que se confirmaram, quem decepciionou e quem fez bobagem. Mas de uma coisa podemos ter certeza, o início desta temporada será bem diferente da de 2009.

Ano passado algumas mudanças drásticas modificaram de forma sensível os carros da F-1. Alterações no regulamento minimizaram e simplificaram a aerodinâmica dos carros, que não deixou de receber uma grande novidade: a estréia das asas móveis, que permitiam a sua regulagem durante a volta, coisa antes considerada prática "herética" na F1. Mas talvez a principal mudança e que de certa forma determinou o campeão da temporada foi o desenvolvimento dos difusores duplos. Quem não se assombrou nas primeiras voltas do GP da Austrália de 2009, quando os carros da Brawn, Toyota e Williams praticamente engoliam os outros? Somente ali acho que os espectadores de Fórmula 1 deram a devida atenção à diferença que um difusor bem projetado pode fazer na sua vida! E o melhor, tudo dentro do regulamento, sem sujeira ou picaretagem. Para o chororô geral das grandes, principalmente Ferrari e McLaren, que se pudessem mandariam dar um fim na temida Brawn.

Mas Brawn o quê? Que assombro!!! Do limbo de ser ex-Honda, equipe que em 2008 pagou todos os vexames do mundo com propulsão a jegue e direito e declaração de falência em público. Nada como uma temporada depois da outra com um inverno bem grande e gélido no meio! Do martírio de 2008 à glória de 2009. Button e Barrichello foram totalmente fiéis durante os tempos difíceis foram recompensados com nada menos que o melhor carro da temporada em 2010. Tudo sob a batuta de Ross Brawn, que batizou a equipe e levou-a ao título investindo justamente naquilo que as outras grandes equipes deixaram para trás, já que agora era item proibidão de ser mexido: a aerodinâmica.

Aerodinâmica que também ascendeu uma outra estrela da F1: a Red Bull. Sempre considerada perigosa, nunca conseguira chegar de fato ao ponto mais alto do pódio. Mas em 2009 apareceu com um carro bonitinho, fininho, elegante, sofisticado assinado por Adrian Neway, o Homem da aerodinâmica na F1. E também com Sebastian Vettel, grande talento que acabou dando uma sacudida em MArk Webber, que parecia hibernado. Venceram corridas e chegaram a ameaçar a vantagem quilométrica que Button tinha no campeonato. Assombroso!

Tão assombroso quanto o acidente de Felipe Massa na Hungria. 1 Será que nós, fãs de F1 presenciaríamos novamente uma morte ao vivo? Foi horrível, uma mola que se soltou do carro de Barrichello e por mísero acaso (ou sincronicidade??) foi parar no rosto de Massa. O impacto poderia ter sido pior... Mas Massa foi melhorando, ficando mais forte e passou o resto da temporada se recuperando...

Recuperação, que foi a palavra chave da Ferrari em McLaren em 2009. Ninguém merece, comer poeira dos outros assim, ainda mais equipes que antes nem faziam cócegas nas escuderias mais poderosas do circo. Foi duro de ver as primeiras corridas dessas equipes. Comeram mais poeira que filtro de ar de carro de rali. Apanharam, sofreram, mas ainda conseguiram descolar uma vitória ou outra para não passar o ano em branco e diminuir a vergonha.

VERGONHA! Palavra que infelizmente voltou à cena na F1 em 2009. Uma demissão, um caso de sabotagem, brigas, vaidade, corrupção, guerra de poder. Desta vez Nelson Piquet e Briatore estavam no olho do furacão. O brasileiro obteve resultados fraquíssimos e vinha sendo ameaçado desde seu ano de estréia. Quando a ameaça tornou-se realidade, jogou no ventilador. Parecia escândalo político em Brasília, coincidentemente a cidade adotada por Piquet. A denúncia dizia que o piloto brasileiro fora obrigado a bater no GP de Cingapura no ano anterior para supostamente favorecer o companheiro, Fernando Alonso. Foi um bafafá daqueles. Este resultado alteraria o resultado do campeonato. Esta atitude colocaria a vida de Piquet e outros pilotos em risco. Tanto Piquet quanto Briatore estão fora da F1, sem antes um arrastado processo judicial e trocas de farpas sem noção. Até que ponto os resultados são manipulados? Até onde pode-se exigir do piloto? Qual o limite entre a ética e a vontade de vencer?

Vontade de vencer que move os sonhos das novas equipes, convidadas a entrar na F1. A volta de um antigo nome - Lotus, a despedida da Toyota e a saída da BMW da F1. A ousadia da Virgin, que virá com um brasileiro a mais - Lucas di Grassi, o sonho americano da USF1, quefoi por água abaixo. A desilusão de um campeão, Kimi Raikkonen, que resolveu descansar a cabeça no rally. A volta do hepta, Michael Schumacher. A realização do sonho espanhol de ver Alonso na Ferrari. A formação da McLaren genuinamente inglesa com Button e Hamilton. A experiência de BArrichello na Williams ao lado de um estreante. A transformação de Brawn em mercedes com Rosberg fechando uma equipe puramente germânica. O sonho agonizante de Senna na Hispania (ex-Campos) e a tentativa de Kubica em conseguir reerguer a sacudida Renault. Nunca a dança das cadeiras foi tão intensa, quase vertiginosa, parecia um jogo de xadrez e nos fez ver que tanto na vida quanto na F1 a única certeza é a da mudança.

Mudança que pode melhorar o campeonato. Nada de reabastecimentos em 2010! Parou, trocou o pneu, foi embora... Isso obrigou todo mundo a mexer nos motores. Além disso, o sistema de pontuação foi alterado. Nada de bizarrices como a suposta entrega de medalhas. Agora o campeão faz 25 pontos e até o 10º colocado pontua. Além de valorizar a vitória em relação ao 2º colocado. Nada de vencer pela regularidade apenas... tem que ganhar corrida! No mais restam as dúvidas... Ainda bem que estamos mais próximos que nunca das soluções e por que não dizer, de outras tantas dúvidas!!!

Feliz F1 2010 para todos!

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